Um pequeno relato de viagem -
com ilustrações de Maria Eugênia
Demorei um pouco para postar os momentos felizes da viagem para Itália. Aquela terra quente e afetuosa. Foi muito bom e emocionante lançar livros traduzidos para o italiano (para mim tão familiar).
Silvana Tavano com o "Come Comincia" e eu com "Il Segreto di Nonna Maria". Encontros pra lá de intensos
, em Milão, com a Claudia e todo pessoal do
IBRIT (Instituto Brasil- Itália) e claro
, com a Miriam Gabbai
, nossa querida e super arrojada editora da
Callis, que sempre inventa um jeito de se comunicar com o mundo inteiro...
Numa escola
, nos arredores de Milão
, nos encontramos com muitas crianças e falamos de livros
, histórias e personagens. O papo estava tão bom que os alunos começaram a contar até mesmos seus sonhos e
incubos (pesadelos) noturnos.
Ficaram muito curiosos e espantados com a imagem do nosso Abaporu
, do meu livro sobre a Tarsila do Amaral. Despedida mais que calorosa e seguimos viagem. Antes, passando pela inesquecível exposição de
Arcimboldo. Saindo de Milão
, fomos para Bolonha.
Na
feira de Bolonha, mergulhamos em nossa paixão pelos livros
infantis. Trouxe muitos na mala
, um deles, me encantou “Le Macchine di Munari”, as complexas, inteligentes e poéticas máquinas inventadas por ele são sempre intrigantes e nos levam a pensar outras lógicas, absurdas, surreais... Não conhecia Bruno Munari e descobri que é um artista e designer italiano que fez importantes trabalhos para crianças, e nessa área, tão conhecido quanto o autor Gianni Rodari (que gosto muito).
Nas voltas pelos stands, me deparei com um stand bem pequeno e simples, mas com lindos livros ilustrados. Fiquei vidrada num livro que se chama Möista, Möista, Leenuke! Não sabia de que país era. Silvana e eu fomos decifrando: Estônia. E enfim, comprei o livro, mesmo com o olhar de estranhamento da divulgadora estoniana que ficou muito surpresa com o meu interesse e com a distância de nossos países.
Quem quiser, pode clicar no link deste encantador coelho da ilustradora Katrin Ehrlich. Ver um trabalho de um país tão distante, tão desconhecido dava um ar de grande aventura. E assim, seguíamos até voltar a nossa terra. Nosso stand. Encontramos muitos amigos:
André Neves, Rosinha Campos e, como foi bom
, abraçar nossa amiga
Maria Eugênia, tão radiante
, com seus dois livros que estão saindo pela Callis
, nos quais além da sua já conhecida e maravilhosa ilustração
, têm também seus textos
. O detalhe: fazendo o maior sucesso entre as editoras estrangeiras...
Os encontros são sempre muito fortes, principalmente quando estamos longe de casa. Um momento também, bem delicado e feliz, foi a conversa que tive com Ana Maria Machado. Fiz uma grande entrevista para um novo trabalho que estou desenvolvendo. Ana Maria sempre tem um olhar muito genuíno e certeiro para a literatura e para a vida.
Fora da feira, a cidade encanta por sua cor avermelhada. Fiquei muito curiosa para subir numa torre, e ver a cidade inteira até seus limites. 500 degraus! Respiro fundo. E, lá no alto, estranha sensação de estar na terra e no céu ao mesmo tempo. Valeu ver as montanhas, as cúpulas das igrejas e as ruazinhas cheias de turistas. Descer parecia fácil...

Só mesmo muito vinho, tortellini e lasanha à bolonhesa para dar conta de tanto esforço. Novos e antigos amigos encontrei na torre : o escritor Amir e seus companheiros de viagem. Juntos partimos para mais giros. Silvana retornou para São Paulo uns dias antes de mim. E foi uma sensação estranha, sua partida, depois de tantos dias juntas, falando e rindo, conversando com crianças nas escolas, saboreando mil e um pratos e vinhos e à noite, lendo histórias e apagando. Mas
, enfim, a cidade ainda me convidava para novos lugares. P
ensei em ir ao Museu Arqueológico, queria ver a arte etrusca da região de Bolonha. Mas para minha surpresa chego quase ao mesmo tempo que uma tumba de 3000 anos. Jornalistas e fotógrafos. Um acontecimento e tanto! Estar ali num momento como esse. E ter ao lado uma presença de 3000 anos, recém-chegada! Só no dia seguinte pude ver as belas peças etruscas. Fiquei encantada com os vasos e principalmente com os colares e adornos das mulheres.

Voltas e voltas e acabei em Roma
, na casa de tio Mario e tia Gabriela e as primas Marina e Stefania. Posso dizer que ali naquela pequena casa
, amor é o que mais tem. Difícil querer sair... Ainda mais quando tia Gabriela prepara
, para minha despedida
, o que mais gosto: alcachofras na panela. Inexplicável tempero.
Voltei com este sabor. E muitos outros....